GENGIVITE, PERIODONTITE E CÁRIE

Durante anos, a odontologia esteve voltada para o tratamento dos sintomas das doenças da cárie e periodontal. Várias pesquisas foram realizadas com o intuito de melhorar as técnicas, os materiais e o instrumental restaurador, porém, o tratamento continuava sintomatológico. Este quadro foi mudando à medida que se intensificaram as pesquisas sobre origem e processos da doença da cárie e periodontal.

 Segundo a visão da etiopatogenia a gengivite, periodontite e cárie são doenças infecciosas causadas por bactérias que colonizam a superfície dos dentes formando a placa dental. Esta placa pode ser classificada como supragengival (se deposita nas coroas dos dentes) e placa subgengival (localizada no sulco gengival ou bolsa periodontal).

         A gengivite é definida como uma manifestação inflamatória na margem da gengiva, sendo desencadeada pelo acúmulo da placa supragengival. As periodontites se caracterizam por inflamação dos tecidos de sustentação dos dentes, acompanhada de perda de inserção de tecido conjuntivo a partir da agressão pela placa bacteriana supragengival. Quando o processo saúde∕doença encontra-se em equilíbrio, verificamos a gengiva clinicamente saudável, mesmo na presença de placa bacteriana. Como nem sempre o equilíbrio está presente, a placa fica mais espessa, ocorrendo à gengivite. As condições inflamatórias presentes na gengivite permitem condições de localização e nutrição para o surgimento de placa subgengival, mais agressiva do que a placa supragengival, causando inflamação dos tecidos de suporte dos dentes, sendo agravada quando associada alterações sistêmicas (ex. diabete) ou fumo.

         Assim como nas doenças da gengiva, um fator decisivo para o surgimento da cárie é o estabelecimento de uma placa bacteriana cariogênica. O acúmulo de placa na superfície dos dentes pode levar a formação de uma faixa de descalcificação sobre a estrutura dental. Esta descalcificação é resultado de substâncias excretadas pelas bactérias após o metabolismo do açúcar, criando quantidade de ácidos capaz de solubilizar a estrutura mineral dos dentes e iniciar a perda destas estruturas, surgindo assim à cavidade de cárie.

         Com visão nestes processos é importante salientar, que tanto a prevenção como a terapêutica, sejam baseadas no controle da causa (controle de placa). Além do tratamento dos aspectos sintomatológicos da cárie e das doenças gengivais, é de fundamental importância a adoção de medidas capazes de controlar o acúmulo bacteriano (ex. escovação, uso de fio dental ou escovas interdental e unitufo, creme dental, etc.) e prevenir a sua recorrência, visto que estão associados à má higiene das estruturas dentais, além de evitar a freqüência de ingestão de açúcares, no caso específico das cáries. 

Roberto Pacheco Becker