Depressão: muito além da tristeza
O termo “depressão” tem sido utilizado na atualidade tanto para descrever alterações normais do humor como um tipo de transtorno mental que caracteriza a “Síndrome Depressiva”.
Sentimentos de tristeza ou infelicidade fazem parte da experiência cotidiana e podem caracterizar um estado emocional normal frente a situações de perda, separações, fracassos ou conflitos nas relações interpessoais. O luto normal é um exemplo de situação onde tristeza e ansiedade são comuns. Sentimentos de desamparo ou de desesperança e visão negativa de si mesmo, da realidade e do futuro podem exitir neste período, mas, em geral, desaparecem com o tempo, sem a necessidade de ajuda especializada.
A “Síndrome Depressiva”, que acomete cerca de 20% da população mundial, é caracterizada por sintomas peristentes e que representam uma mudança no funcionamento do indivíduo. Há sofrimento acentuado, comprometendo as rotinas diárias ou as relações interpessoais. É dita “Síndrome” justamente por englobar vários sintomas e necessita, para o seu diagnóstico, a presença de cinco dos seguintes: humor deprimido (tristeza) ou perda do interesse ou prazer por todas ou quase todas atividades, alteração de peso ou de apetite, alteração de sono, agitação ou “sentir-se lento”, fadiga ou perda de energia, sensação de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade diminuída para pensar ou concentrar-se ou indecisão e/ou pensamentos de morte.
Quando há o diagnóstico desta síndrome, há a necessidade de proceder o tratamento psiquiátrico, que envolve usualmente a utilização de psicofármacos associados a alguma modalidade de psicoterapia, como a terapia de apoio, a terapia cognitivo-comportamental, a terapia de orientação analítica e a terapia interpessoal, cuja eficácia, na depressão, tem sido estabelecida de forma mais consistente. Em casos graves, pode haver a necessidade de indicação de internação psiquiátrica. Os pacientes também devem ser encorajados a modificar seus hábitos diários: realizar atividades que possam lhe dar prazer, praticar exercícios físicos regulares, manter um tempo mínimo de sono diário (6 a 8 horas por noite), ter boa alimentação, expor-se ao sol em horários apropriados e evitar o uso de substâncias como anorexígenos, álcool e tabaco.
Não é possível deixar de mencionar que a complicação mais grave relacionada à depressão é o suicídio, atualmente a terceira causa de morte entre jovens entre 15 e 24 anos e a oitava causa de morte entre adultos. Em torno de 70% das pessoas que cometem suicídio apresentam sintomas compatíveis com o diagnóstico da “Síndrome Depressiva”.
Juliana Perizzolo
Médica Psiquiatra SECOVIMED
Médica Psiquiatra pela UFRGS
Especialista em Psicoterapia de Orientação Analítica