Hipotireoidismo
A tireóide é uma glândula que regula a função de órgãos importantes como o coração, o cérebro, o fígado e os rins. Ela produz os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Dessa forma, garante o equilíbrio do organismo. A glândula possui forma de borboleta (com dois “lobos”, direito e esquerdo) e se localiza na parte anterior do pescoço, logo abaixo do “pomo de Adão”. Ela atua diretamente no crescimento e desenvolvimento de crianças e de adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor, controle emocional, batimentos cardíacos, funcionamento intestinal e força muscular. Quando a tireóide não funciona corretamente, pode liberar hormônios em quantidade insuficiente (hipotireoidismo) ou em excesso (hipertiroidismo).
O hipotireoidismo é a patologia mais comum da tireóide, atingindo cerca de 11% da população. Estima-se que no Brasil afete mais de 5 milhões de pessoas. É mais comum em mulheres após os 40 anos (80% dos casos), mas pode ocorrer em ambos os sexos e em qualquer idade. A causa do problema pode estar na própria tireóide (forma mais prevalente, chamada de hipotireoidismo primário), mas também pode ocorrer devido a doença no hipotálamo ou hipófise, as quais são glândulas que regulam o funcionamento da tireóide (então denominado hipotireoidismo central). As principais etiologias do hipotireoidismo primário são: doença auto-imune da tireóide,também denominada de “Tireoidite de Hashimoto” (caracterizada pela presença de auto-anticorpos),deficiência de iodo, redução do tecido tireoidiano por iodo radioativo ou por cirurgia.O uso de medicamentos como amiodarona e lítio também pode resultar em distúrbios tireoideanos.
Em recém-nascidos, pode ocorrer o hipotireoidismo congênito, sendo diagnosticado pelo "teste do pezinho", e o tratamento deve ser iniciado imediatamente, pois pode ocasionar problemas graves de crescimento, desenvolvimento e retardo mental.
Em gestantes a pesquisa e o tratamento do hipotireoidismo são muito importantes, pois o hormônio tireoideano é fundamental para a formação adequada do feto.
Os sintomas de hipotireoidismo são inespecíficos (ou seja, muitas pessoas que não têm a doença apresentam os mesmos sintomas), podendo ser diagnosticado então apenas com base nos exames laboratoriais. Os principais sintomas são:
- Depressão
- Desaceleração dos batimentos cardíacos
- Intestino preso
- Menstruação irregular
- Diminuição da memória
- Cansaço excessivo
- Dores musculares
- Pele seca, unhas fracas
- Queda de cabelo
- Ganho de peso
- Aumento do colesterol no sangue
Para diagnosticar o problema, deve-se medir o TSH (hormônio produzido pela hipófise, uma glândula que fica dentro do crânio e que comanda a tireóide). No hipotireoidismo, seus valores são elevados, pois como a tireóide não está funcionando corretamente (está “preguiçosa”, produzindo menos hormônio do que deveria), a hipófise precisa fabricar mais TSH para que este estimule a tireóide a funcionar. Se achar necessário, o médico poderá solicitar também a dosagem de T3 e T4.
O tratamento do hipotireoidismo melhora muito a qualidade de vida do paciente, e deverá ser feito por toda a vida, pois o problema não tem cura. Suspendendo o medicamento, os sintomas retornarão. É simples, basta repor o hormônio que a tireóide não produz adequadamente. O medicamento chama-se levotiroxina, e as doses devem ser individualizadas e prescritas pelo médico. O sucesso do tratamento depende muito de cada paciente. Deve-se tomar o comprimido diariamente, em jejum, ao menos 30 minutos a 1 hora antes do café da manhã, tirando-o da caixa apenas na hora de tomar (não colocar em “potes”, nem na geladeira, deixar na embalagem original e em temperatura ambiente). Se esquecer de tomar o remédio no horário certo, pode-se tomar em outro horário, mas preferencialmente 2h após as refeições. Se esquecer de tomar por um dia não precisa tomar a dose em dobro no dia seguinte. Deve-se aguardar intervalo de 4 horas entre o uso de levotiroxina e outros medicamentos, principalmente estatinas, omeprazol, anti-ácidos, sulfato ferroso e carbonato de cálcio.
O acompanhamento do paciente e a verificação da dose do medicamento deve ser periódico, com medidas de TSH.
Dra. Andréa Heinen
Endocrinologista
CRM 30.209 – Formada em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria
Especialização em Endocrinologia no Hospital N.Sra. Da Conceição.